Percepção de riscos: O erro que muitas empresas cometem
Nesse artigo comentamos o erro que muitas empresas cometem ao focar na percepção de riscos.
A segurança do trabalho parece um jogo de videogame, vez por outra a gente chega em outra fase… Já passamos pela fase do “ato inseguro”, onde todos os acidentes que aconteciam eram culpa do trabalhador, e agora me parece que estamos na fase da percepção de risco, o foco continua o mesmo (o trabalhador), só mudaram o nome da fase. Qual será a próxima? Apostas?
É preciso ter a mente aberta para ver além dos fatores humanos. Afinal, pouco do que acontece de errado na empresa é culpa do trabalhador.
AMBIENTE COMPLEXO
O trabalhador trabalha num ambiente com sistema sociotécnico complexo. O ambiente é repleto de variáveis, como se fossem pequenas peças/engrenagens de um grande motor…
O ambiente de trabalho é volátil, incerto, caótico e ambíguo, e no meio tudo isso tem empresa que quer manter zero acidente, erro zero, risco zero e tantos outros zeros.
As empresas mais bacanas já estão entendendo que no mundo real, o risco zero não existe, afinal, desde o momento em que o espermatozoide é lançado ele está em risco!
A POSSIBILIDADE DO IMPREVISTO
Em tudo que fazemos, há infelizmente ou felizmente, a possibilidade de ocorrer um imprevisto, um erro, uma falha humana ou de sistema. O ambiente é complexo, é impossível mapear todas as possibilidades, e há a diferença entre o trabalho real e trabalho prescrito, e assim, o cenário de trabalho pode mudar mesmo numa simples tarefa rotineira.
Corremos riscos todos os dias e eles estão presentes em nossas vidas. Arriscar-se faz parte do ato de viver, e faz parte da natureza humana.
Antes de olhar para a percepção de risco como um remédio que resolve todos os problemas precisamos pensar em um aspecto mais amplo. Por exemplo, antes de investir em treinamentos de percepção de risco, é necessário adequar o sistema de trabalho, afinal, o comportamento humano é fruto do sistema, do contexto (físico e mental) em que o trabalhador está inserido.
As pessoas não são a variável quebrada a ser consertada! Conserte o sistema.
“O comportamento não ocorre no vácuo, existe um contexto”. Scott Geller.
FERRAMENTAS QUE DEVEM ENTRAR ANTES DE INVESTIR NA PERCEPÇÃO
O direito de recusa é também uma ferramenta poderosa, afinal, infelizmente existe uma distância muito grande do que é passado na sala de treinamento e da condição encontrada no chão de fábrica.
Eleger um guardião do direito de recusa pode ser importante. Ter alguém para representar a ferramenta, divulgar a utilização dela e encorajar as pessoas a utilizá-la pode fazer a diferença entre ela realmente ser utilizada na prática ou estar apenas escrita nos manuais de SST.
Nunca vi o direito de recusa ser útil sem alguém forte que garanta a segurança empregatícia de quem a utiliza, principalmente no início da sua utilização, depois que se tornar prática comum na empresa, talvez ter um guardião deixe de fazer sentido…
O cuidado ativo também pode ser uma peça importante, afinal, nas empresas em que as pessoas cuidam uma das outras, ou seja, cuidam de si, cuidam do outro, e se deixam cuidar, a chance de eventos graves cai absurdamente!
Depois de olhar de forma curiosa para o contexto de trabalho, e adequar o sistema, pode ser importante trabalhar a percepção de risco da equipe: conversar com eles sobre como conhecer, e perceber os riscos que estão à sua volta, aprendendo com eles e ensinando-os a agir conforme o cenário vivenciado, gerenciando seu próprio nível de atenção, minimizando os riscos ao máximo possível, e convivendo com os possíveis riscos residuais de forma realista e segura.
Focar unicamente na percepção de riscos é um erro, e mais atrapalha do que ajuda, mas nesse artigo você tem muitas dicas para investir no assunto de forma certeira.
Se precisar de ajuda com isso, entre em contato!
Como melhorar a percepção de risco do trabalhador
10 Fatores que influenciam a percepção de risco